Revista Raros: Histórias e Lifestyle
Compartilhamos experiências inspiradoras e dicas de vida para quem convive com doenças raras. Cada história revela superação, enquanto nossas orientações de lifestyle promovem bem-estar e qualidade de vida.
Carta ao Leitor: Uma Nova Era para a Revista Raros
Estamos entrando em uma nova era. A Revista Raros sempre foi um espaço de conexão, conhecimento e representatividade para a comunidade de doenças raras. Agora, damos mais um passo: estamos mais acessíveis, mais digitais, mais próximos de vocês.
A partir de agora, nossa edição será trimestral. Isso significa mais tempo para aprofundar temas importantes, trazer reflexões e compartilhar histórias que merecem ser contadas. Para quem não puder ler, novas formas de acesso estarão disponíveis – porque informação precisa alcançar a todos.
Nesta edição, falamos sobre o impacto da Síndrome Pós-Poliomielite, com um artigo detalhado sobre essa condição muitas vezes silenciosa. Trazemos também a história inspiradora de Maria Amélia, que encontrou novas formas de reescrever seu futuro.
Na área médica, o Dr. Matheus Wassem explica como reconhecer um surto de Esclerose Múltipla e o que fazer diante dessa situação. O Dr. Guilherme aprofunda essa questão com um olhar clínico e prático. Já a Dra. Beatriz Giannichi traz informações essenciais sobre a dieta anti-inflamatória na EM e na Neuromielite Óptica.
Além disso, nesta edição inauguramos uma nova coluna, mostrando a força da comunidade. Começamos com a história de uma associação de Goiânia, um exemplo de como a união pode transformar realidades.
E, em meio a tantas mudanças, este também é um ano marcante para mim. Em 2025, completo 30 anos de diagnóstico de Esclerose Múltipla. Três décadas que me trouxeram desafios, aprendizado e crescimento. E, acima de tudo, a certeza de que informação e acolhimento fazem toda a diferença.
A Raros continua evoluindo, assim como eu. E seguimos juntos nessa jornada.
Giselle Pekelman
Editora-chefe | Jornalista
Sumário
1
Carta ao Leitor
Uma nova era para a Revista Raros: mais acessível, mais digital e mais próxima de você.
2
Conexão Raros
A Força da Comunidade: Conheça a Associação Goiana de Esclerose Múltipla em nossa nova coluna.
3
Coluna Dr. Matheus Wassem
Como saber se estou passando por um surto da Esclerose Múltipla? E o que devo fazer?
4
Artigo Especial
Síndrome Pós-Poliomielite: O Efeito Fantasma da Poliomielite e suas consequências décadas depois.
5
Raro do Mês
Do Diagnóstico Fatal à Reescrita de um Futuro Improvável: A Jornada de Maria Amélia.
6
Lifestyle
Descobri a Esclerose Múltipla no Auge da Minha Vida—E Escolhi Não Parar: A história de Adriely Rocha.
7
Fala Dr. Guilherme
Tive um Surto! E Agora? Um guia prático e acolhedor sobre o que fazer em momentos de crise.
8
Histórias de Superação
Transformando a dor em aprendizado: a história de Bianca Lima de Oliveira e sua luta contra a Neuromielite Óptica.
9
Interdisciplinar
Dieta anti-inflamatória na Esclerose Múltipla e Neuromielite Óptica: quando, por quê e para quê? Por Dra. Beatriz Giannichi.
10
Calendário e Dicas
Calendário de eventos importantes e dicas especiais da equipe Raros.
Esporte, Inclusão e Autonomia: A Atuação da Associação Goiana de Esclerose Múltipla
Fundada em 2009, a Associação Goiana de Esclerose Múltipla (AGEM) surge com um objetivo claro: transformar a vida das pessoas diagnosticadas com a esclerose múltipla, uma condição neurológica que afeta cada vez mais brasileiros. Sob a liderança da Diretora-Presidente Eduarda Assis de Albuquerque Arantes e da Vice-Presidente Kelly Carolina Assis Arantes, e com o suporte fundamental da Diretora Médica Dra. Denise Sisterolli, a AGEM tem se consolidado como uma referência nacional na luta pela inclusão social por meio do esporte.
Equipe Qualificada
A AGEM conta com a colaboração da Secretária Suellen Pociano, além dos especialistas do Conselho Médico: Dra. Vanessa Costa e Dr. Fernando Elias Borges, peças-chave no desenvolvimento das estratégias da associação.
Abordagem Inovadora
Ao contrário de outras associações voltadas para a esclerose múltipla, a AGEM adotou uma abordagem que vai além do tradicional assistencialismo e da conscientização, focando na promoção da autonomia dos pacientes.
Foco no Esporte
A principal ação da AGEM é a realização da Maratona, evento que já está em sua 16ª edição e se tornou um símbolo do movimento de inclusão das pessoas com esclerose múltipla.
Como surgiu essa abordagem diferenciada da AGEM?
"No início da nossa gestão, buscávamos parcerias para oferecer benefícios como descontos em farmácias, hospitais e clínicas para os portadores de esclerose múltipla. No entanto, rapidamente percebemos que, embora esses benefícios fossem importantes, o assistencialismo no Brasil já é bem forte. Nos damos conta de que, para promover a verdadeira transformação, era preciso ir além. Hoje, nosso foco é na inclusão social por meio do esporte, pois acreditamos que ele é a verdadeira fórmula para a autonomia e para o empoderamento das pessoas com esclerose múltipla."
Explica Eduarda Assis de Albuquerque Arantes, a Diretora-Presidente da AGEM.
Impactos reais na vida dos participantes
A mudança de foco da AGEM, de uma abordagem assistencialista para uma ação voltada para o fortalecimento da autonomia e da autoestima, gerou resultados impressionantes. Nos últimos anos, a adesão à prática de atividades físicas entre as pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla aumentou significativamente. Caminhadas, musculação e corridas agora fazem parte da rotina de muitos pacientes que antes acreditavam que o exercício físico estava fora de seu alcance.
"Algumas pessoas que, no início, achavam impossível voltar a se exercitar, agora estão participando ativamente da Maratona e de outros eventos esportivos. Isso é um reflexo de como a inclusão e o esporte podem transformar vidas. Muitos relatam que, além dos benefícios físicos, a autoestima deles foi completamente renovada. A esclerose múltipla deixou de ser um fator limitante e passou a ser apenas mais um desafio a ser superado."
Destaca Kelly Carolina Assis Arantes, Vice-Presidente da AGEM.
A AGEM vai além do esporte
Além de organizar eventos esportivos, a AGEM tem como grande objetivo a construção de um hospital especializado não apenas para o tratamento da esclerose múltipla, mas para todas as doenças autoimunes. A proposta é criar um centro de acolhimento e tratamento multidisciplinar que proporcione um ambiente de desenvolvimento para os pacientes.
A ideia é que o hospital ofereça não apenas o tratamento clínico, mas também suporte psicológico, assistência social e atividades voltadas para a promoção de uma vida mais independente e ativa.
Esse projeto, que ainda está em fase de idealização, visa a criação de um espaço que vá além das limitações tradicionais do sistema de saúde. A AGEM enxerga a saúde de seus pacientes de forma holística e acredita que a promoção da saúde mental e emocional é tão importante quanto o tratamento físico.
"Nosso sonho é transformar a AGEM em um centro de excelência no atendimento a pessoas com esclerose múltipla e outras doenças autoimunes, oferecendo não só cuidados médicos, mas também uma base para o desenvolvimento pessoal e comunitário dos pacientes."
Afirma Dra. Denise Sisterolli, Diretora Médica da AGEM.
Desafios da acessibilidade e inclusão no mercado de trabalho
Atualmente, a AGEM tem se concentrado na inclusão no mercado de trabalho, um desafio significativo para as pessoas diagnosticadas com esclerose múltipla. Embora o Brasil tenha avanços no reconhecimento das condições de deficiência, ainda existem muitos obstáculos para a inserção de portadores de doenças como a esclerose múltipla, especialmente quando se trata de concursos públicos.
"Muitas pessoas com esclerose múltipla se veem obrigadas a esconder o diagnóstico nos processos seletivos, porque não têm a possibilidade de declarar a condição. O sistema de cotas para pessoas com deficiência, por exemplo, não é adequado para todas as situações. Isso cria um cenário de exclusão e limita a chance de inclusão plena dessas pessoas no mercado de trabalho."
Explica Dra. Vanessa Costa, membro do Conselho Médico da AGEM.
O preconceito: uma barreira persistente
Embora o estigma associado à esclerose múltipla tenha diminuído ao longo dos anos, a invisibilidade da doença continua sendo um grande desafio. Muitos pacientes relatam que a sociedade os aceita apenas até certo ponto, mas há uma resistência em reconhecê-los como capazes de realizar tarefas complexas no trabalho ou em suas vidas pessoais.
"Ainda há muita desinformação sobre a doença. As redes sociais e a visibilidade das pessoas com esclerose múltipla têm ajudado, mas muito mais precisa ser feito. A doença não é algo que impede a pessoa de viver plenamente. No entanto, o preconceito e a ignorância social persistem. Precisamos continuar desafiando essas percepções e mostrando que a esclerose múltipla não define quem somos ou o que podemos alcançar."
Afirma Eduarda Assis de Albuquerque Arantes.
A mensagem da AGEM: para pacientes e para a sociedade
A AGEM tem uma mensagem clara para todos que lidam com o diagnóstico de esclerose múltipla:
"Nunca desista. Continue, sempre. Você é o seu maior projeto. Cuide de si com carinho e lembre-se que sua força vai além dos limites do diagnóstico. Cada pequena vitória é uma grande conquista. Não importa o que os outros digam, o que importa é o que você acredita ser possível."
Diz Kelly Carolina Assis Arantes.
Para a sociedade, a mensagem é igualmente clara:
"A esclerose múltipla não define quem somos ou o que podemos conquistar. Precisamos de compreensão, respeito e apoio para continuar a mostrar nossa verdadeira força. Somos seres humanos capazes de realizar grandes feitos, e a nossa inclusão é essencial para uma sociedade mais justa e igualitária."
Um chamado à superação
A AGEM não apenas apoia os pacientes, mas também cria uma rede de apoio que transcende o diagnóstico. Os membros da associação sabem que a luta contra a esclerose múltipla é constante, mas acreditam firmemente que é possível ir além dos limites impostos pela doença.
A mensagem que deixam para todos é de que, independentemente do que enfrentem, cada indivíduo tem a força necessária para superar os desafios mais difíceis.
"Não importa quanto tempo leve ou o quão difícil pareça o caminho, a superação está ao alcance de todos. O esporte, o apoio da comunidade e a determinação pessoal são as ferramentas que transformam qualquer adversidade em uma oportunidade de crescimento. Quem luta por sua saúde, pela inclusão e pelo respeito ao próximo, vai além do que jamais imaginou ser possível."
Conclui Eduarda Assis de Albuquerque Arantes.
Com um trabalho baseado no empoderamento e na inclusão, a AGEM segue transformando vidas e provando que o diagnóstico de esclerose múltipla não é um fim, mas um novo começo. O trabalho da associação é um exemplo claro de como é possível ultrapassar limites impostos pela doença e mostrar que a inclusão não é apenas uma opção, mas uma necessidade para todos.
Como saber se estou passando por um surto da Esclerose Múltipla? E o que devo fazer?
Por Dr. Matheus Wasem - Médico Neurologista
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença inflamatória crônica e autoimune que pode se manifestar de diferentes formas em cada pessoa. Vocês sabem que ela faz ataques contra a bainha de mielina, deixando cicatrizes na ressonância e sintomas/sequelas neurológicas. Uma das habilidades mais importantes que o paciente que tem EM precisa adquirir após o diagnóstico é como reconhecer um possível surto. Saber identificar os sinais é essencial para buscar ajuda médica no momento certo e evitar maiores complicações.
Mas afinal, o que é um surto?
Um surto na Esclerose Múltipla acontece quando há uma nova lesão/inflamação no sistema nervoso (cérebro, nervos ópticos ou medula espinhal).
Um forte alerta de surto é quando vocês estão com sintomas neurológicos que duram mais de 24 horas e não têm relação com febre, infecção, calor, estresse ou cansaço extremo (se esses fatores estiverem presentes, a possibilidade de ser um pseudosurto fica mais forte). Geralmente o sintoma não é repentino (súbito) que aparece em alguns segundos, mas sim vai se desenvolvendo ao longo de alguns dias. Os sintomas variam de acordo com a área do sistema nervoso afetada.
Principais sintomas de um surto
  • Alterações na visão: visão embaçada, perda parcial da visão ou dor ao movimentar os olhos (neurite óptica)
  • Fraqueza muscular: dificuldade para mover braços ou pernas, sensação de peso ou de fraqueza anormal
  • Dormência ou formigamento: geralmente em um lado do corpo, em uma perna, braço ou rosto
  • Problemas de equilíbrio e coordenação: dificuldade para caminhar, quedas frequentes ou sensação de desequilíbrio
O que não é considerado surto
É importante lembrar que alguns sintomas comuns da EM, como fadiga, tontura, incontinência e a visão podem piorar temporariamente devido a fatores externos, como calor excessivo, estresse ou infecções, mas isso não é considerado um surto.
O que define o surto é o aparecimento de novos sintomas neurológicos ou a piora significativa de sintomas antigos, sem explicação aparente. O surto é radiologicamente confirmado quando a ressonância magnética demonstra o aparecimento de novas leões ou então lesões ativas pelo contraste (captando, impregnando, realçando), condizentes com atividade inflamatória presente.
O que fazer se eu suspeitar que estou em surto da EM?
Se você suspeita que está passando por um surto, mantenha a calma. Embora seja um momento delicado, há tratamento e medidas que podem ajudar a controlar a inflamação e reduzir os sintomas.
Contato médico imediato
Entre em contato com seu neurologista o quanto antes. Descrever os sintomas e a duração deles é fundamental para que o médico possa orientar o próximo passo. Se possível, anote quando os sintomas começaram e como evoluíram. Também diga se está passando por alguma situação externa, como febre, infecção, calor ambiente ou muito estresse.
Procure atendimento emergencial
Se você não conseguir contato fácil com seu neurologista, busque atendimento em algum pronto socorro (UPA ou Hospital), preferencialmente com neurologista e ressonância, conte ao médico o que você está passando e ele vai direcionar os próximos passos (exames de sangue para descartar infecção, ressonância para confirmar o surto e então a pulsoterapia).
Evite riscos
Evite atividades que possam aumentar o risco de quedas ou lesões, principalmente se os sintomas afetarem seu equilíbrio ou força muscular.
Não se automedique
Não tome medicamentos por conta própria. O tratamento para surtos normalmente envolve o uso de corticoides em altas doses geralmente por 3 ou 5 dias, administrados por via intravenosa (pulsoterapia). Esses medicamentos ajudam a reduzir a inflamação no sistema nervoso e acelerar a recuperação. Mas a decisão de usar corticoides deve ser feita sempre pelo médico.
Cuide do seu bem-estar
Cuide do seu bem-estar físico e emocional. Durante o surto, é normal se sentir frustrado ou ansioso. Peça apoio de familiares, amigos ou grupos de pacientes. Descansar e respeitar os limites do seu corpo é essencial para a recuperação.
E depois do surto, o que acontece?
A maioria dos pacientes começa a melhorar do surto já nos primeiros dias de corticoide. Mas para outros, a recuperação pode levar semanas ou até meses. Em alguns casos, os sintomas desaparecem completamente, mas em outros, podem deixar sequelas. Após o surto, seu médico poderá trocar o seu remédio da esclerose, para evitar novas crises no futuro.
Além disso, é importante seguir o plano de tratamento recomendado, manter um estilo de vida saudável, com alimentação balanceada, prática regular de atividade física (respeitando seus limites) e cuidar da saúde emocional.
Reconhecer um surto e agir rapidamente faz toda a diferença para quem vive com Esclerose Múltipla. Por isso, não ignore os sinais do seu corpo. Converse com seu médico sempre que tiver dúvidas ou perceber sintomas novos. Você não está sozinho nessa jornada. Com acompanhamento adequado e medidas preventivas, é possível viver bem com a EM e manter sua qualidade de vida.
Com toda minha solidariedade e apoio,
Dr. Matheus Wasem
Médico Neurologista CRM/PR 37.001 – RQE 26.459
O Efeito Fantasma da Poliomielite: A Síndrome Silenciosa Que Pode Mudar Vidas Décadas Depois
A poliomielite, uma doença que aterrorizou gerações, deixou marcas profundas na história da humanidade. Com a introdução da vacina, o vírus selvagem foi erradicado em diversas partes do mundo, e a paralisia infantil deixou de ser uma ameaça constante. No entanto, para aqueles que enfrentaram a poliomielite no passado e sobreviveram, o fantasma da doença pode ressurgir décadas depois de maneira inesperada. Esse fenômeno, conhecido como Síndrome Pós-Poliomielite (SPP), é uma condição rara, debilitante e progressiva que afeta um número significativo de sobreviventes da pólio, trazendo novas limitações a quem já precisou lutar contra a paralisia na infância.
A SPP é um lembrete de que a poliomielite não desaparece completamente para todos. Mesmo que o vírus tenha sido derrotado na maioria dos países, seus efeitos podem persistir silenciosamente por anos, impactando a qualidade de vida de quem, um dia, pensou estar livre das consequências da doença.
O que é a Síndrome Pós-Poliomielite?
A Síndrome Pós-Poliomielite (SPP) é uma condição neuromuscular rara que surge anos ou até décadas depois que uma pessoa teve poliomielite. Ela se manifesta por uma piora progressiva da fraqueza muscular, fadiga intensa e dores musculares e articulares, comprometendo gradualmente a mobilidade e a autonomia dos indivíduos afetados.
Embora a poliomielite tenha sido causada por uma infecção viral, a SPP não é resultado da presença contínua do vírus no organismo. Ela ocorre devido ao desgaste e à sobrecarga das células nervosas que compensaram a paralisia anterior.
A SPP não é uma reativação do vírus da poliomielite, nem é contagiosa. Trata-se de um problema neurológico que afeta principalmente aqueles que tiveram a forma paralítica da pólio e que, ao longo da vida, desenvolveram mecanismos de compensação para suas limitações físicas.
Por que a Síndrome Pós-Poliomielite acontece?
Para entender a SPP, é essencial compreender o que acontece no corpo durante e após a infecção pelo vírus da poliomielite.
Quando o poliovírus ataca o sistema nervoso, ele pode destruir neurônios motores, resultando em paralisia parcial ou total de determinados músculos. No entanto, o corpo tem uma capacidade impressionante de adaptação. Muitos dos neurônios motores que sobreviveram assumem a função dos que foram destruídos, formando ramificações extras para tentar manter o controle muscular.
Com o passar dos anos, esses neurônios sobrecarregados começam a falhar devido ao desgaste natural. Como consequência, a pessoa experimenta uma perda progressiva da força muscular, mesmo décadas após a infecção inicial. Esse processo é o principal fator por trás da Síndrome Pós-Poliomielite.
Fatores de risco para SPP
  • Severidade da poliomielite original: Quanto mais grave foi a paralisia na infância, maior a probabilidade de desenvolver a síndrome.
  • Grau de recuperação: Pessoas que tiveram uma recuperação significativa e voltaram a andar podem ser mais propensas à SPP, pois seus neurônios motores remanescentes foram sobrecarregados por mais tempo.
  • Idade: Os sintomas geralmente surgem entre 30 e 50 anos após a infecção inicial, frequentemente entre os 40 e 60 anos.
Sintomas da Síndrome Pós-Poliomielite
Fraqueza muscular progressiva
Principalmente nos membros já afetados pela poliomielite.
Fadiga extrema
Sensação de cansaço excessivo, mesmo após pequenos esforços.
Dor muscular e articular
Intensificada pelo uso excessivo dos músculos e pelo desgaste articular.
Atrofia muscular
Redução da massa muscular em áreas específicas.
Dificuldade respiratória
Em casos mais graves, a fraqueza muscular pode afetar a respiração.
Problemas de deglutição
Dificuldade para engolir alimentos, aumentando o risco de engasgos.
A progressão dos sintomas pode ser lenta, mas impacta significativamente a qualidade de vida, tornando atividades cotidianas mais desafiadoras.
Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Pós-Poliomielite
Diagnóstico
Não há um exame específico para diagnosticar a Síndrome Pós-Poliomielite. O diagnóstico é clínico e baseado no histórico médico do paciente, avaliação neurológica e exclusão de outras condições que possam causar sintomas semelhantes.
Tratamento
O tratamento da SPP não visa curá-la, mas sim controlar os sintomas e melhorar a qualidade de vida. Ele pode incluir:
  • Fisioterapia adaptada: Para fortalecer os músculos sem sobrecarregá-los.
  • Uso de órteses ou bengalas: Para aliviar o esforço muscular e reduzir quedas.
  • Medicamentos para dor e fadiga: Como anti-inflamatórios e analgésicos.
  • Mudanças no estilo de vida: Descanso adequado, alimentação balanceada e evitar atividades que exijam esforço excessivo.
A Erradicação da Poliomielite e a Importância da Vacinação
A poliomielite está erradicada na maior parte do mundo graças às campanhas de vacinação em massa. No entanto, enquanto houver um único caso de poliovírus no planeta, o risco de surtos continua.
A vacinação é a única forma eficaz de prevenir a poliomielite e, consequentemente, evitar que novas gerações enfrentem a Síndrome Pós-Poliomielite. As vacinas disponíveis são seguras e altamente eficazes, garantindo que crianças fiquem protegidas contra o vírus.
Infelizmente, movimentos antivacina têm contribuído para a queda nas taxas de imunização em alguns países, o que pode trazer a pólio de volta. No Brasil, surtos ainda podem ocorrer se a cobertura vacinal não for mantida em níveis elevados.
Manter a vacinação contra a poliomielite em dia é um compromisso com a saúde pública e um passo essencial para garantir que a SPP se torne cada vez mais rara até desaparecer completamente.
Conclusão: Um Futuro Livre da Síndrome Pós-Poliomielite
A Síndrome Pós-Poliomielite é um lembrete cruel de que as consequências da poliomielite podem durar uma vida inteira. Apesar de ser uma doença rara, ela afeta um número significativo de pessoas que sobreviveram à pólio e agora enfrentam novos desafios décadas depois.
Felizmente, graças à vacinação, novas gerações estarão protegidas, e a SPP se tornará cada vez menos comum. No entanto, aqueles que vivem com a condição hoje precisam de suporte, tratamento adequado e reconhecimento para garantir que tenham qualidade de vida.
A poliomielite pode ter sido derrotada, mas sua sombra ainda assombra muitos sobreviventes. E a única forma de impedir que essa história se repita é vacinar todas as crianças e manter a imunização em dia. Afinal, a erradicação total da pólio é o único caminho para um futuro onde a Síndrome Pós-Poliomielite se torne apenas um capítulo da história da medicina.
E para aqueles que enfrentam essa síndrome hoje, saibam que cada desafio superado é uma prova da força que existe dentro de vocês. O caminho pode ser difícil, mas nunca precisa ser trilhado sozinho.
Do Diagnóstico Fatal à Reescrita de um Futuro Improvável: A Jornada de Maria Amélia
Maria Amélia dos Santos, 69 anos, mora no bairro Parada Inglesa, zona norte de São Paulo, onde tem dedicado sua vida a lutar não só contra a Síndrome Pós-Poliomielite, mas também pela conscientização sobre as doenças raras. Nascida em Portugal e chegada ao Brasil ainda bebê, a trajetória de Maria Amélia é uma verdadeira aula de como a luta contra o desconhecido pode transformar desafios imensos em conquistas que impactam a vida de outras pessoas.
A Infância e o Diagnóstico Precoce
Maria Amélia nasceu em Portugal em 1955 e, com apenas três meses de idade, mudou-se para o Brasil com sua mãe. Aos 10 meses, a mãe de Maria Amélia percebeu algo estranho: as pernas da filha não estavam se desenvolvendo como o esperado. Maria Amélia não conseguia manter as perninhas firmes e, aos poucos, foi perdendo o controle de seus movimentos. Ao perceber essa diferença, a mãe de Maria Amélia a levou aos médicos, e logo o diagnóstico foi dado: poliomielite.
A notícia foi devastadora. O médico disse a sua mãe que a filha jamais conseguiria andar. Mas Maria Amélia não era uma criança comum. Sua mãe, ao receber a notícia, se recusou a aceitar esse veredicto. Para ela, a esperança estava na força de sua filha, que ainda era muito pequena para entender a gravidade da situação. A condição que parecia irreversível passou a ser vista como um desafio, e a mãe de Maria Amélia passou a fazer tudo o que podia para ajudá-la.
A Luta e as Superações Inesperadas
Durante a infância, Maria Amélia passou por uma série de tratamentos alternativos. Sua mãe, movida pela fé e pelo amor à filha, insistiu em tratamentos como massagens e fisioterapia caseira, o que ajudou a atenuar as consequências da poliomielite. Com muita determinação, Maria Amélia começou a dar seus primeiros passos, mas a recuperação foi lenta. Aos 15 anos, depois de várias cirurgias e longas sessões de fisioterapia, ela conseguiu caminhar sem o auxílio de cadeiras de rodas, embora com um esforço contínuo. No entanto, sua perna esquerda nunca teve a mesma força que a direita, o que exigia que ela fosse mais cuidadosa nas atividades cotidianas.
A Manifestação da Síndrome Pós-Poliomielite
Aos 45 anos, Maria Amélia começou a sentir os primeiros sintomas da Síndrome Pós-Poliomielite, um distúrbio que afeta pessoas que já haviam se recuperado da poliomielite. Os primeiros sinais de alerta apareceram lentamente. O cansaço excessivo, as dores musculares e o desconforto nas pernas, que antes eram controláveis, começaram a se intensificar. As quedas passaram a ser mais frequentes, e a dificuldade em subir escadas e caminhar se tornou uma constante.
A princípio, médicos não conseguiam entender o que estava acontecendo com Maria Amélia. Ela foi diagnosticada com diversos distúrbios musculares, mas a resposta definitiva sobre o que estava acontecendo com seu corpo só veio depois de muitos anos. Aos 48 anos, finalmente, um especialista fez o diagnóstico de Síndrome Pós-Poliomielite. Isso trouxe tanto um alívio quanto um novo desafio. Ao contrário do que muitos imaginavam, a síndrome não era algo novo, mas uma manifestação tardia de uma doença que havia sido erradicada em muitos lugares, mas ainda deixava suas sequelas em quem, como Maria Amélia, havia sobrevivido à poliomielite.
Desafios Cotidianos e o Combate pelo Reconhecimento
A Síndrome Pós-Poliomielite trouxe consigo uma série de desafios inesperados. Maria Amélia passou a sentir um cansaço extremo e dores intensas, que comprometiam sua capacidade de realizar atividades diárias. As dificuldades de locomoção se intensificaram, e o uso de muletas e, por vezes, cadeira de rodas passou a ser necessário. Foi nesse período que ela também começou a perceber a falta de compreensão e o desconhecimento da síndrome entre profissionais de saúde.
No entanto, Maria Amélia não se deu por vencida. Ela iniciou um longo processo de fisioterapia, hidroterapia e musculação para preservar o máximo de sua mobilidade. Apesar de ser uma paciente rara, ela não se contentou em ser apenas mais uma vítima das doenças negligenciadas. Em vez disso, ela passou a lutar pela visibilidade da sua condição, tornando-se uma voz importante para os pacientes com Síndrome Pós-Poliomielite e outras doenças raras.
Foi nesse contexto que Maria Amélia começou sua atuação nas associações e movimentos que buscavam garantir direitos e cuidados específicos para pacientes com doenças raras. Ela foi uma das fundadoras da ABRASPP (Associação Brasileira de Síndrome Pós-Poliomielite), e também ajudou a garantir que a síndrome fosse reconhecida no CID 10G14, o que representou uma conquista essencial para a comunidade de pacientes. Além disso, seu trabalho na área da conscientização sobre o uso de respiradores para pacientes com Síndrome Pós-Poliomielite garantiu que muitos não precisassem mais recorrer à justiça para ter acesso a esse tipo de equipamento.
Conquistas e Atuação no Movimento pelos Direitos dos Pacientes com Doenças Raras
Fundação de Associações
Maria Amélia fundou diversas iniciativas, como a APPRAROS (Associação Portuguesa de Pólio e Raros), e participa ativamente de campanhas de conscientização sobre a Síndrome Pós-Poliomielite e outras doenças raras.
Comunicação
Ela também é colaboradora da revista online SPPólio, onde compartilha sua experiência e busca ampliar a discussão sobre o impacto da síndrome na vida dos pacientes.
Cartão SOS Raros
Maria Amélia foi responsável pela implementação do Cartão SOS Raros, que oferece suporte e informações para pacientes com doenças raras, garantindo que eles tenham acesso a tratamentos adequados e aos direitos que muitas vezes são ignorados.
A Importância de Reconhecer a Síndrome Pós-Poliomielite
"A poliomielite não é uma doença rara, mas a Síndrome Pós-Poliomielite é."
Maria Amélia deixa uma mensagem clara para os profissionais de saúde e para a sociedade: a poliomielite pode não ser uma doença rara, mas a Síndrome Pós-Poliomielite definitivamente é. Esta frase resume a luta incansável que Maria Amélia trava para que sua condição seja reconhecida e tratada adequadamente.
A sua história de vida mostra que, apesar das dificuldades, sempre há espaço para novos começos e vitórias. Maria Amélia, com sua incansável busca por justiça e pelos direitos dos pacientes, é um exemplo de como transformar a dor em ação e tornar o sofrimento uma força para o bem coletivo.
Referências
  • História da Poliomiélite no Brasil, Capítulo 10, ABRASPP. Disponível no site da SPPólio (www.sppolio.inf.br).
  • Conquista do direito ao Bipap para pacientes com Síndrome Pós-Poliomielite. Disponível no site da SPPólio (www.sppolio.inf.br).
  • Cartão SOS Raros. Disponível em www.equilibriopesq.com.br.
"Descobri a Esclerose Múltipla no Auge da Minha Vida—E Escolhi Não Parar"
Aos 21 anos, a paranaense Adriely da Silva Rocha vivia intensamente. Trabalhava em dois empregos, cursava pedagogia e pedalava 48 km por dia. O futuro parecia promissor, até que um diagnóstico inesperado virou sua vida de cabeça para baixo.
"Nunca tinha ouvido falar em esclerose múltipla. De um dia para o outro, tudo mudou. A garota que pedalava quilômetros nunca mais conseguiu subir na bicicleta."
A esclerose múltipla é uma doença autoimune que ataca o sistema nervoso central, afetando a comunicação entre o cérebro e o corpo. Isso pode causar surtos imprevisíveis que levam à perda de visão, dificuldades motoras, fadiga intensa e outros sintomas debilitantes.
No momento do diagnóstico, Rocha sentiu o mundo desabar. "Eu estava no auge da minha vida, perto de me formar, cheia de planos. De repente, meu corpo começou a falhar, e eu não tinha controle sobre isso."
Mas ela tomou uma decisão: não deixaria a doença definir quem ela era.
"Eu Sentia Que Algo Estava Errado—E Estava Certa"
Os primeiros sinais surgiram de forma silenciosa. Pequenos formigamentos, dificuldades passageiras… Nada que parecesse preocupante no começo. Mas, aos poucos, os sintomas se intensificaram.
"Chegou um momento em que eu sentia que algo estava muito errado. Meu corpo dava sinais, mas eu não entendia. Até que veio o diagnóstico, e tudo fez sentido."
Os surtos foram os momentos mais difíceis. O último, em dezembro de 2024, causou perda visual temporária. "Foi assustador, mas graças ao tratamento certo, tive melhoras", conta.
Com o tempo, Adriely aprendeu a identificar os sinais da doença. "Sempre soube quando um surto estava chegando. Conhecer o próprio corpo é essencial."
Os Desafios Diários da Esclerose Múltipla
A esclerose múltipla é traiçoeira: há dias em que tudo parece bem, mas basta um descuido, um estresse a mais, uma noite mal dormida, para que um novo sintoma apareça. "A gente nunca sabe quando o próximo surto pode acontecer, mas podemos nos preparar para lidar com ele."
Apesar das dificuldades, Rocha nunca deixou de sonhar. "Já passei por momentos de medo, de incerteza, de choro. Mas no dia seguinte, eu me levanto e sigo em frente. Porque essa doença me ensinou que a vida não espera."
"Meu Corpo Mudou, Então Minha Rotina Precisava Mudar Também"
Diante das novas limitações, Adriely da Silva Rocha precisou reinventar sua rotina. Atividade física, que antes era lazer, virou necessidade. "Faço pilates e exercícios acompanhados para manter minha mobilidade."
Além do cuidado com o corpo, o emocional também exigiu atenção especial. "Terapia e suporte psicológico fazem toda a diferença. O emocional precisa estar tão forte quanto o corpo."
Ela também buscou formas complementares de tratamento. "Mudei minha alimentação para ajudar no tratamento. Comecei a testar novos hábitos e a perceber o impacto que cada escolha tem no meu bem-estar."
E, ao contrário do que muitos pensam, a esclerose múltipla não é uma sentença de incapacidade. "Posso ter limitações, mas ainda sou eu. Ainda sou forte. Ainda tenho sonhos."
"Apoio Faz Toda a Diferença"
Se há algo que Rocha aprendeu, é que ninguém enfrenta a esclerose múltipla sozinho. "Sou grata a cada pessoa que está ao meu lado. Ter apoio de amigos, família e profissionais é essencial."
A relação com seus médicos se tornou um pilar fundamental. "Confiança entre médico e paciente é tudo. Quando você sente que está sendo realmente ouvido, o tratamento funciona muito melhor."
Mas nem todo mundo entende a doença. "Muitas pessoas olham para mim e dizem: 'mas você nem parece doente!'. A esclerose múltipla tem sintomas invisíveis. Nem tudo se vê. E lutar contra o que os outros não enxergam pode ser cansativo."
Ainda assim, Adriely escolhe focar no que importa. "A opinião das pessoas não muda o que eu vivo. Então eu escolho viver da melhor forma possível."
"Os Surtos São Como Tempestades—Mas Sempre Passam"
A esclerose múltipla é imprevisível. Cada surto pode ser diferente do anterior, trazendo sintomas variados: alterações visuais, perda de força, dormência, dificuldades de equilíbrio, entre outros.
"É como viver sabendo que a qualquer momento pode haver uma tempestade. Mas o que eu aprendi é que, por pior que seja o surto, ele sempre passa. E eu sempre me reconstruo depois dele."
Os momentos de internação são os mais difíceis. "É assustador estar em um hospital sem saber como meu corpo vai reagir. Mas cada vez que saio de lá, eu saio mais forte."
Para Rocha, a chave está em agir rápido. "Se você perceber sinais de um surto, não espere. Procure um médico imediatamente. Quanto antes começar o tratamento, melhor será a recuperação."
"A Vida Não Espera—E Eu Também Não"
Apesar dos desafios, Adriely segue sonhando. "Quero voltar a andar de bicicleta. Quero viajar mais. Quero ser a melhor versão de mim mesma."
Para quem recebe o diagnóstico, ela deixa um recado: "Fique calmo. A esclerose tem seus momentos de tranquilidade também. Com o tratamento certo, é possível ter qualidade de vida."
E sobre o futuro, ela não tem dúvidas:
"Se eu pudesse voltar no tempo e conversar com aquela Adriely de 21 anos, assustada com o diagnóstico, eu diria: calma. Você vai cair, mas vai se levantar. Vai chorar, mas vai sorrir também. Você não perdeu sua vida—você só vai aprender a vivê-la de um jeito diferente."
"Daqui a dez anos, me vejo com a esclerose 100% controlada e uma vida tranquila. Porque, no fim das contas, o que essa doença me ensinou é que a vida é agora. E eu não vou deixar ela passar sem vivê-la."
Tive um Surto! E Agora?
Por Dr. Guilherme Olival - Neurologista
Ludovina teve um surto.
Imagine Ludovina, uma mulher como muitas outras, lidando com os desafios diários de viver com esclerose múltipla. Ela está no auge da sua vida quando, de repente, perde força nas pernas e encontra dificuldade para caminhar. Esse é o tipo de episódio que mais temem aqueles que convivem com a esclerose múltipla, comparável a viver sob a ameaça constante de uma tempestade prestes a eclodir. Parece assustador, mas é fundamental lembrar que há caminhos eficazes para enfrentar esse desafio.
O que é um Surto de Esclerose Múltipla?
Para entender melhor, um surto na esclerose múltipla é quando surge um novo sintoma neurológico que dura mais de 24 horas. Dessa vez, é uma mensagem do corpo de que algo está acontecendo no cérebro, uma inflamação nova se instalando. Preste atenção se os seus sintomas começaram há 24 horas pois ninguém quer ligar para o seu médico porque acordou no meio da noite com o braço formigando, sendo que dormiu sobre o braço!
O fato é que sintomas neurológicos passageiros são bastante comuns e podem confundir especialmente pacientes recém diagnosticados. É difícil dizer quais são os sintomas pois podem variar bastante — formigamento, perda de força em um braço ou perna, dificuldades de visão ou até problemas para caminhar são os mais comuns, mas podem ser sintomas neurológicos esquisitos como coceira em metade da cabeça ou uma sensação de aperto súbita no tórax- conhecida como abraço da EM. Na dúvida, fale com seu médico pois essa parte pode ser complexa.
Surto vs. Pseudosurto: Como Confirmar?
Às vezes, o que parece um surto verdadeiro pode ser uma falsa alarme, conhecido como "pseudosurto". Isso pode acontecer devido a infecções como uma gripezinha chata ou uma infecção urinária, além de estresses emocionais e até desequilíbrios nos níveis de certas substâncias no sangue, como sódio e potássio.
Não podemos esquecer o fenômeno de Uhthoff, quando os antigos sintomas voltam mais fortes, principalmente em situações de calor após um banho quente, uma febre ou até um dia muito quente. Confirmar o surto se faz muitas vezes com uma ressonância magnética, meio preferencial para dar uma olhada lá dentro e ver o que realmente está acontecendo.
É importante dizer que não tem uma resposta única aqui e apesar de incomum, eu já vi surto com ressonância normal, a condução clínica com a equipe responsável aqui é imprescindível.
Opções de Tratamento: Foco na Pulsoterapia
Agora, sobre o tratamento, caso confirme o surto, existem vários tais como plasmaférese, imunoglobulina, uso de ACTH mas para ser bem sincero temos a pulsoterapia como protagonista. Imagina só: doses altas de metilprednisolona, entre 500mg e 1000mg, administradas via intravenosa por 3 a 5 dias — é como dar um choque de corticoides no sistema.
Mesmo que pareça drástico, esse método ajuda bastante. Pense simples, uma porrada no sistema imunológico que está cometendo um erro terrível, atacando o órgão mais delicado e complexo do corpo. Não podemos deixar isso acontecer, e para isso usamos um remédio potente, rápido e eficaz.
No entanto, a paciência é essencial, pois os efeitos não aparecem antes do terceiro dia. Na maioria dos casos vemos melhora mesmo após o quinto dia (às vezes depois da alta). Mas isso ocorre porque o primeiro passo é parar quem está atacando, outra é reconstruir o que já foi machucado. A recuperação pode durar semanas ou até meses. Além disso, aliar a reabilitação após o tratamento é, sem dúvida, um diferencial. Com persistência e paciência se chega longe.
Cuidados e Efeitos Adversos da Pulsoterapia
Pressão arterial
A pulsoterapia pode elevar a pressão arterial, então é bom maneirar no sal durante esses dias críticos.
Glicemia
Os níveis de açúcar no sangue também podem subir, então cuidado com alimentos muito doces durante o tratamento.
Alterações no sono
O tratamento pode deixar você mais agitado, com dificuldade para dormir.
Fadiga pós-corticoides
Às vezes, o tratamento pode provocar cansaço extremo depois do uso de corticoides.
É claro, existem efeitos raros como trombose ou delírios, mas o importante é conversar sempre com seu médico, já que, no geral, é um tratamento bem manejável e crucial para quem vive com esclerose múltipla. Se ficar na dúvida pense como é valioso o seu cérebro e a sua medula. Para protegê-los fazemos qualquer negócio, junto com isso vamos lidando com os efeitos adversos.
Mas e a Ludovina?
E quanto à Ludovina? Bem, apesar de ser um personagem fictício, sua história inspira muitos. A Ludovica fez a pulsoterapia e como ela tinha lido esse artigo resistiu a tentação de comer um ovo de Páscoa que ganhou. Daí sua glicemia ficou ótima e aos poucos ela se recuperou. Talvez não 100%, algo ficou de lembrança desse momento ruim, mas ela se dedicou à fisioterapia e não tem limitações no dia-a-dia desse episódio. Ela trocou o remédio que estava usando para outro de alta potência e está há muitos anos sem surto. Ah, quase me esqueci, ela se casou com o rapaz que levou o ovo de Páscoa quando estava internada. A vida é cheia de surpresas, sabe.
É interessante saber que o nome realmente pertence à primeira pessoa conhecida a ter essa condição e cujas experiências foram eternizadas no documentário "O Diário de Lidwina". Para dar um toque mais brasileiro, eu troquei o nome para Ludovina. Conheci inúmeras Ludovinas, Marias, Lucianas — todas elas enfrentando a esclerose múltipla com garra. E é possível, sim, seguir adiante, enfrentar os surtos, se ocorrerem, e continuar a viver uma vida rica em qualidade e bons momentos.
Avanços no Tratamento da Esclerose Múltipla
Para quem conhece a esclerose múltipla há pouco tempo, sabe que há dez anos era questão de "quando" enfrentar um surto; hoje a história é outra. Graças aos avanços na ciência e ao esforço de representação nos sistemas de saúde, temos opções eficazes para controlar a doença e muitos pacientes passam longos períodos, até mesmo sem surtos.
Portanto a palavra aqui é resiliência mas é também prevenção. Prevenção dos surtos com inteligência e seriedade para que ninguém mais precise ficar lendo esse artigo no futuro próximo. A esclerose múltipla pode ser um desafio, mas com o tratamento certo e apoio, é uma jornada cheia de esperança e descobertas.
Guilherme Olival
Neurologista
CRM SP 135992 CNRM 306370
Resumo das Recomendações para Lidar com um Surto
Ligue para seu neurologista
Ao primeiro sinal de sintomas que durem mais de 24 horas, entre em contato com seu médico.
Procure atendimento emergencial
Se não conseguir falar com seu neurologista, vá ao pronto-socorro mais próximo.
Siga o tratamento prescrito
Geralmente a pulsoterapia, com paciência para aguardar os resultados.
Invista na reabilitação
Após o surto, a fisioterapia e outras terapias são fundamentais para a recuperação.
Lembre-se: com o avanço dos tratamentos disponíveis hoje, é possível ter uma vida plena mesmo com o diagnóstico de esclerose múltipla. O importante é conhecer seu corpo, estar atento aos sinais e manter uma comunicação aberta com sua equipe médica.
Transformando a dor em aprendizado: a história de Bianca Lima de Oliveira
Em outubro de 2017, Bianca Lima de Oliveira, uma jovem de 18 anos natural de Passagem, no interior do Rio Grande do Norte, se viu diante de um diagnóstico devastador: Neuromielite Óptica (NMO). A doença rara, que afeta os nervos ópticos e a medula espinhal, roubou rapidamente a sua visão e trouxe à tona uma série de desafios imensuráveis. Ela, que já morava em Natal, capital do estado, teve sua vida transformada por uma condição desconhecida, enfrentando uma dura batalha contra os próprios limites. Para Bianca, foi o começo de uma jornada de autodescoberta e superação. Ao longo dos últimos anos, ela transformou a dor e a angústia em aprendizado, encontrando forças para recomeçar mesmo diante das maiores adversidades. Esta é a história de uma jovem que, com fé, coragem e determinação, se recusou a ser definida pela doença.
Um Diagnóstico Inesperado
Outubro de 2017. O que deveria ser uma etapa de crescimento e novas descobertas para Bianca Lima de Oliveira, uma jovem de 18 anos, se transformou em um marco de luta e sobrevivência. Naquele mês, uma doença rara e desconhecida começou a se manifestar de maneira silenciosa, tomando conta da sua vida e desafiando tudo o que ela conhecia até então. Ela não sabia o que estava acontecendo com seu corpo, mas o medo e a incerteza logo se instalaram.
Tudo começou com uma alteração na visão. Primeiro, um leve embaçamento no olho direito. Bianca, como muitas pessoas, achou que se tratava de algo simples, talvez uma fadiga ocular ou um problema passageiro. Mas os dias passaram e o sintoma só piorou. Logo ela não conseguia mais distinguir as formas com clareza. A visão foi se turvando e, em pouco tempo, a dor ocular tomou conta de sua rotina. Uma dor intensa, acompanhada de forte cefaleia, fazia com que o simples ato de abrir os olhos fosse um desafio.
O Impacto da Neuromielite Óptica
Sem saber o que fazer, a jovem procurou um optometrista. O diagnóstico preliminar foi devastador: neurite óptica. O especialista alertou que, sem tratamento imediato, ela poderia perder a visão permanentemente. A sensação de impotência e medo invadiu seu coração. Ela nunca imaginou que algo assim pudesse acontecer com ela, uma jovem com tantos sonhos e planos. A palavra "cegueira" começou a rondar seus pensamentos, e a angústia tomava conta de cada parte do seu ser.
Os exames no Hospital de Urgência de Natal confirmaram o pior: Neuromielite Óptica (NMO). O diagnóstico da doença rara que afeta os nervos ópticos e a medula espinhal foi um choque. Não só a perda de visão estava em jogo, mas também a mobilidade e o controle sobre o corpo, que rapidamente se tornaram ameaçados. Bianca Lima de Oliveira, com apenas 18 anos, se viu diante de um futuro incerto e, muitas vezes, incompreensível. Sem saber o que o futuro lhe reservava, ela precisou enfrentar o que parecia ser um inimigo invisível e implacável.
Tratamento e Desafios Iniciais
As primeiras semanas foram imensamente difíceis. O tratamento começou com pulsoterapia com metilprenisolona, seguido de plasmaféreses, e os efeitos colaterais logo tomaram conta do seu corpo. Fadiga extrema, vômitos, insônia e dores musculares a tornaram refém de um processo que parecia não ter fim. Mas o mais difícil não era o desgaste físico. O mais difícil era lidar com a incerteza e o medo de perder o controle sobre o próprio corpo. A jovem não sabia como seguir em frente, como lidar com a dor emocional de se ver tão vulnerável.
"Eu nunca imaginei que um dia passaria por tudo isso. A sensação de impotência era horrível. Não saber se o que você está fazendo vai dar certo, se você vai conseguir sair do hospital ou voltar a fazer as coisas simples do dia a dia, é uma angústia imensa."
Revela, relembrando aquele período. O que ela não sabia, naquela época, é que toda essa dor e sofrimento a levariam a uma jornada de autodescoberta que transformaria sua visão sobre a vida para sempre.
Descobrindo a Força Interior
Com o tempo, a jovem percebeu que não poderia se render à dor. Embora as limitações impostas pela doença fossem imensas, ela começou a perceber que tinha a capacidade de controlar sua reação diante delas.
"Eu percebi que não podia mudar o que estava acontecendo, mas eu podia escolher como reagir. A doença não poderia definir quem eu sou. Eu não seria a vítima dessa história."
Explica, com uma determinação que transparece em cada palavra.
Em um momento de desespero, quando os sintomas se agravaram e a dúvida sobre o futuro tomava conta de sua mente, Bianca Lima encontrou apoio nas pessoas ao seu redor. Seu tio, que sempre foi uma presença constante em sua vida, foi uma das primeiras pessoas a dar-lhe coragem. Ele a acompanhou nas consultas e tratamentos, ajudando-a a enfrentar os dias difíceis.
"Eu não estava sozinha. A presença dele foi fundamental para que eu não me deixasse abater. Ele me lembrou de quem eu sou, do que eu sou capaz."
Relata, com um sorriso de gratidão.
O Papel da Fé na Recuperação
Mas além do apoio da família, foi a fé que realmente a sustentou. A cada dia, quando as forças pareciam faltar, ela se voltava para sua crença, acreditando que havia algo maior em sua vida, algo que a guiava mesmo nos momentos mais difíceis.
"Eu sempre acreditei que Deus nunca nos dá uma carga maior do que conseguimos carregar. Quando me sentia fraca e sem forças, minha fé foi o que me manteve de pé. Eu sabia que tinha um propósito e que minha história não estava acabando ali. Minha fé me dava força para seguir em frente, mesmo nos dias mais difíceis."
Conta com um olhar sereno, mas profundo, refletindo a importância dessa crença em sua recuperação.
Um Novo Olhar sobre a Vida
O caminho não foi fácil, mas aos poucos, a jovem começou a recuperar o controle sobre sua vida. A doença impôs desafios enormes, mas ela se recusou a ser definida por ela. Aprendeu a lidar com a fadiga, com a dor, com os dias de baixa autoestima e frustração. Mas também descobriu sua força interior, uma força que nunca imaginou que tivesse. Ela começou a entender que a verdadeira batalha não era contra a doença, mas contra a forma como ela se via e se sentia em relação à doença.
"A cada dia, aprendi algo novo sobre mim mesma. Cada pequena vitória, como levantar da cama sem me sentir fraca ou conseguir fazer algo que antes parecia impossível, me dava forças para continuar."
Explica, com um brilho nos olhos que reflete o orgulho de sua superação.
Com o apoio da família, dos médicos e de sua fé inabalável, Bianca passou a encarar a doença com mais serenidade. Ela compreendeu que, embora a NMO fosse uma parte da sua vida, não seria a única parte.
"Eu comecei a ver que a doença é apenas um capítulo da minha história, não o livro inteiro."
Diz, com um sorriso de gratidão. Foi assim que Bianca Lima de Oliveira começou a encontrar o equilíbrio entre a luta contra a doença e a aceitação de que ela poderia continuar a viver plenamente.
Encontrando um Novo Propósito
A cada consulta, a cada tratamento, a jovem se reerguia mais forte. Ela encontrou um novo propósito: ser a voz das pessoas com doenças raras. Ao invés de se isolar ou se esconder, começou a compartilhar sua experiência com outras pessoas, ajudando-as a enfrentar a própria jornada com coragem e determinação.
"Quando compartilhei minha história pela primeira vez, percebi que não estava sozinha. Havia tantas pessoas passando pelo mesmo que eu, e isso me motivou a continuar. Eu sabia que minha história poderia ajudar outras pessoas a não desistirem."
Diz, com a confiança de quem acredita que sua história pode ser uma fonte de inspiração para outros.
Lições de uma Jornada de Superação
Hoje, Bianca Lima de Oliveira é um exemplo de força e fé. Sua jornada não foi fácil, mas ela provou que é possível enfrentar até os maiores desafios com coragem, fé e determinação. Ela aprendeu a valorizar cada pequeno momento, cada nova conquista, e a celebrar as vitórias, por mais simples que pareçam.
"Eu não sou definida pela minha condição. Sou uma mulher com sonhos, com objetivos, com uma vida que vale a pena ser vivida, mesmo com todas as adversidades."
Diz, com um sorriso sereno.
Mensagem Final
A história de Bianca é uma história de superação, mas também de aprendizado. Ela nos ensina que a vida, apesar de seus desafios, pode ser cheia de significado e beleza, mesmo quando tudo parece desmoronar. Bianca Lima de Oliveira nos lembra que, embora a doença ou qualquer adversidade nos desafiem, a verdadeira força vem de dentro de nós. É na forma como escolhemos viver diante das dificuldades que encontramos nossa verdadeira grandeza. Mesmo quando a dor nos toma por completo, sempre há algo que podemos fazer para continuar a nossa jornada. E, como ela nos mostra, é possível transformar a dor em aprendizado e seguir adiante com coragem, fé e esperança.
Lições que Podemos Aprender com Bianca
Força interior
Somos mais fortes do que imaginamos, especialmente quando enfrentamos desafios que parecem impossíveis.
Adaptação
A vida nos pede que nos adaptemos constantemente, e é nessa capacidade de adaptação que descobrimos novas possibilidades.
Propósito
Encontrar um propósito maior em meio ao sofrimento pode transformar até mesmo as experiências mais dolorosas em algo significativo.
Comunidade
Ninguém precisa enfrentar os desafios sozinho. O apoio de familiares, amigos e profissionais de saúde é fundamental.
Quando, porque e para quê fazer uma dieta anti-inflamatória na esclerose múltipla (EM) e na neuromielite óptica (NMO)?
Por Beatriz Giannichi
Primeiramente eu gostaria de dizer muito prazer, eu sou a nutri Bia Giannichi e convivo com o diagnóstico de esclerose múltipla desde os doze anos e essas foram perguntas que me rondavam por muito tempo antes de conhecer a terapia nutricional com foco anti-inflamatório. Confesso que na minha jornada com o diagnóstico eu me divido em duas Bias: a de antes de iniciar uma dieta específica e a Bia depois, uma Bia que chegou a ter surtos em um único ano e a Bia que ficou em remissão por anos. Mas Bia foi só a dieta que fez isso? Absolutamente não! Uma série de adaptações foram feitas na minha rotina para que isso fosse possível, mas hoje quero compartilhar com vocês algumas dessas respostas e te ajudar a entender como a nutrição pode ser uma aliada no seu tratamento.
Por que tratar doenças sem cura com dieta?
Sabemos que tanto a EM como a NMO ainda não possuem cura, certo? Então porque eu devo tratar essas condições com terapias complementares como a dieta?
Apesar de ainda não possuírem cura, ambas as doenças apresentam tratamento e controle, inclusive os períodos chamados de remissão (tempo em que a doença fica estacionada) são maiores do que o tempo em surto, que geralmente leva dias ou semanas. As terapias e tratamentos coadjuvantes como dieta, exercício físico, terapia, terapia ocupacional e etc. servem justamente para melhorar o perfil de inflamação no organismo do paciente, reduzir sintomas e desconfortos causados pela doença e até mesmo prevenir o surgimento de novos surtos. Por isso independente de ter ou não cura é possível ter uma vida o mais próximo da normalidade possível!
Se eu ainda tenho sintomas, por que devo tratar?
Infelizmente ainda não inventaram uma dieta que cure a EM e a NMO, mas já está mais do que comprovado cientificamente que pacientes com perfil de consumo anti-inflamatório são pacientes com muito mais qualidade de vida, menos incômodo dos sintomas, maior disposição emocional e cognitiva, imunidade mais estabelecida e até mesmo pacientes com menor agressividade da doença e redução no aparecimento de novas lesões.
Sintomas que a alimentação pode ajudar a reduzir
  • Fadiga
  • Falta de força
  • Problemas cognitivos
  • Incontinências
  • Problemas de visão
  • Desequilíbrio
  • Dificuldade de termorregulação
  • Problemas intestinais
  • Libido reduzida
  • Dificuldade de deglutição
Quando iniciar um tratamento nutricional?
A regra é clara quando o assunto é inflamação, o quanto antes você iniciar um plano alimentar assertivo, mais rápido começa a se beneficiar dos resultados positivos. Você não precisa esperar por nada para se alimentar melhor, ao contrário do que muitos pensam a imunidade não é algo que criamos do dia para a noite ou corrigimos tomando uma ou duas cápsulas.
Fortalecer o sistema imunológico leva tempo e dedicação. Eu particularmente sempre incentivo meus pacientes no consultório a criar hábitos mais saudáveis a qualquer momento, seja antes de fechar o diagnóstico, antes do início com a medicação ou até se o paciente já tem o diagnóstico a décadas, sempre é tempo de começar a se alimentar melhor.
Padrões Alimentares Anti-inflamatórios
Como eu citei anteriormente, ainda não existe uma dieta que cure a EM e a NMO, porém a ciência nos apresenta centenas de artigos científicos que comprovam que padrões alimentares saudáveis, com restrições e inclusões assertivas podem ser grandes aliados na nossa jornada. Obviamente cada dieta deve ser totalmente personalizada para cada paciente, mas existem alguns padrões bem claros na literatura que nos trazem bases para facilitar o nosso dia a dia com o diagnóstico.
O que evitar em uma dieta anti-inflamatória
Alimentos e bebidas ultraprocessados
Salgadinhos de pacote, bolachas, refrigerantes, macarrão instantâneo, suco em pó, guloseimas e etc.
Gorduras saturadas
Carne vermelha, frituras, embutidos, milanesas e etc.
Doces
Açúcares e adoçantes
Sódio
Sal, molho shoyu e etc.
Preparações hipercalóricas
Rodízios, fast food e etc.
Álcool
Cervejas, vinhos, drinks e etc.
Lácteos
Leite, queijos, iogurtes e etc.
Vale lembrar que isso não significa que você nunca mais poderá consumir esses alimentos, mas o seu consumo regular poderá colaborar e muito para a piora dos sintomas e consequentemente da sua qualidade de vida com a EM e a NMO.
O que Priorizar em uma Dieta Anti-inflamatória
Frutas e Vegetais
Rica fonte de antioxidantes, vitaminas e minerais que combatem a inflamação. Inclua uma variedade de cores para garantir diferentes nutrientes.
Proteínas Magras
Dê preferência a peixes, ovos e proteínas vegetais, que oferecem nutrientes essenciais com menos compostos inflamatórios.
Carboidratos Complexos
Tubérculos (batata, cará, inhame, batata doce), cereais integrais (arroz integral, aveia), leguminosas (feijão, lentilha, grão de bico) e sementes (chia, linhaça, gergelim) são fontes de energia sustentável.
É possível ter uma alimentação saudável, nutritiva e muito saborosa! Algo que priorizo muito com meus pacientes é a diversidade de alimentos e preparações, além de incentivar o consumo de muitos alimentos preparados de formas diferentes as combinações entre eles são essenciais para garantir uma nutrição mais completa e fugir de uma vez por todas da monotonia alimentar.
É importante ressaltar que através de algumas investigações bioquímicas podem ser necessários ajustes suplementares a dieta com vitaminas e minerais específicos caso o paciente apresente algum tipo de deficiência nutricional específica mais severa. E lembre-se que o nutricionista é o único profissional capacitado para realizar a prescrição de dieta.
A Importância de um Tratamento Holístico
Espero nesse texto ter te convencido que a alimentação é um dos pilares essenciais no tratamento de pessoas com EM e NMO, como eu sempre digo o tratamento dessas condições sempre deve ser horizontal e não vertical, ou seja, não existe a terapia mais importante. A alimentação é tão importante quanto o exercício físico, a terapia é tão importante quanto a medicação e assim por diante. Todos os tratamentos devem ser levados a sério e feitos com muito empenho e dedicação, afinal somos nós quem colhemos os frutos desses esforços através de ter mais qualidade de vida e estar melhor todos os dias.
"A sua qualidade de vida e sucesso pessoal não tem nada haver com o diagnóstico que te deram e sim com o que você vai fazer com o diagnóstico que te deram!"
Calendário de Eventos - Abril
1
2 de Abril
Dia Mundial do Autismo (Abril Azul) – Respeito e inclusão são essenciais.
2
7 de Abril
Dia Mundial da Saúde – O acesso ao diagnóstico e tratamento é um direito.
3
11 de Abril
Dia Mundial do Parkinson – Informação e pesquisa melhoram a qualidade de vida.
4
15 de Abril
Páscoa – Recomeços e superações, um novo ciclo de esperança.
5
17 de Abril
Dia Mundial da Hemofilia (Abril Vermelho) – Conscientização sobre essa condição rara.
6
19 de Abril
Dia Nacional do Teste do Pezinho – Um exame simples que pode identificar doenças raras.
Como Apoiar Causas Relacionadas a Doenças Raras em Abril
O mês de abril traz diversas oportunidades para mostrar apoio e sensibilizar sobre condições raras. Para participar ativamente, você pode:
  • Compartilhar informações confiáveis sobre doenças raras nas redes sociais
  • Participar de caminhadas e eventos de conscientização
  • Vestir as cores representativas de cada causa (azul para autismo, vermelho para hemofilia)
  • Apoiar financeiramente associações dedicadas às doenças raras
  • Voluntariar-se em instituições que trabalham com pacientes raros
Lembre-se: a conscientização é o primeiro passo para a inclusão e o respeito às diferenças. Cada pequena ação pode fazer uma grande diferença para quem convive com uma condição rara.
Calendário de Eventos - Maio
Mês Internacional da Conscientização da Esclerose Múltipla (Maio Laranja)
1
1º de Maio
Dia do Trabalho – O mercado precisa ser mais inclusivo para todos.
2
5 de Maio
Dia da Hipertensão Pulmonar – Doença rara que afeta pulmões e coração.
3
12 de Maio
Dia da Fibromialgia e Enfermidades Musculoesqueléticas – A dor crônica precisa ser reconhecida.
4
17 de Maio
Dia das Doenças Inflamatórias Intestinais (Maio Roxo) – Informação combate o preconceito.
5
20 de Maio
Dia da Síndrome de Behçet – Doença autoimune rara que pode afetar vários órgãos.
6
22 de Maio
Dia da Síndrome de Prader-Willi – Uma condição genética rara que afeta o metabolismo.
7
30 de Maio
Dia Mundial da Esclerose Múltipla – Conscientização e qualidade de vida para quem convive com essa doença autoimune.
Como Participar Ativamente do Maio Laranja
Maio é um mês especial para a comunidade da Esclerose Múltipla, com o dia 30 sendo celebrado internacionalmente como o Dia Mundial da EM. Durante este mês, diversas ações são realizadas para aumentar a conscientização sobre a doença, seus sintomas e tratamentos. Aqui estão algumas formas de se envolver:
  • Use laranja em suas roupas ou acessórios durante o mês
  • Compartilhe histórias e informações sobre EM nas redes sociais
  • Participe de caminhadas e eventos virtuais ou presenciais
  • Apoie associações como a ABEM (Associação Brasileira de Esclerose Múltipla)
  • Eduque-se sobre os desafios enfrentados por quem vive com EM
Sua participação ajuda a quebrar estigmas e a promover maior compreensão sobre a Esclerose Múltipla!
Calendário de Eventos - Junho
1
6 de Junho
Dia Nacional da Conscientização da Anemia Falciforme – Informação melhora o diagnóstico.
2
12 de Junho
Dia dos Namorados – Celebrando o amor e o apoio nas jornadas de vida.
3
21 de Junho
Dia Mundial da ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica) – Pesquisa e suporte fazem a diferença.
4
Última semana de junho
Semana Nacional da Informação, Capacitação e Pesquisa sobre Doenças Raras – Conhecimento e pesquisa para melhorar vidas.
5
29 de Junho
Dia Mundial da Esclerodermia – Diagnóstico precoce é essencial.
A Importância dos Eventos de Conscientização
Os calendários de conscientização sobre doenças raras desempenham um papel crucial na educação do público e na mobilização de recursos para pesquisa e tratamento. Cada data comemorativa representa uma oportunidade para:
  • Educar a população sobre condições pouco conhecidas
  • Reduzir o estigma associado às doenças raras
  • Promover a inclusão de pessoas com diferentes necessidades
  • Incentivar políticas públicas mais eficazes
  • Mobilizar recursos para pesquisa científica
  • Criar redes de apoio para pacientes e familiares
Ao participar dessas iniciativas, você contribui para uma sociedade mais inclusiva e consciente, onde pessoas com doenças raras possam viver com dignidade e acesso aos tratamentos necessários.
Fique atento à programação de eventos em sua cidade e online, e não deixe de compartilhar informações confiáveis sobre essas condições!
Dica da Raros: Nutrição Especializada para Doenças Autoimunes
Você sabia que a alimentação pode ser uma poderosa aliada no controle da esclerose múltipla e neuromielite óptica? A nutricionista Beatriz Giannichi, que vive com esclerose múltipla e é especialista em dietas anti-inflamatórias, compartilha seu conhecimento com quem busca uma vida mais equilibrada e com menos sintomas. Além de ser nutricionista da Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (ABEM), Bia tem ajudado muitas pessoas a encontrar um caminho saudável e eficaz para melhorar sua qualidade de vida.
Por que buscar um nutricionista especializado?
Um profissional especializado em nutrição para doenças autoimunes compreende as particularidades destas condições e pode criar um plano alimentar personalizado que atenda às suas necessidades específicas, considerando medicamentos em uso, sintomas predominantes e estilo de vida.
Benefícios de uma dieta adaptada
  • Redução da inflamação sistêmica
  • Melhora da energia e diminuição da fadiga
  • Fortalecimento do sistema imunológico
  • Melhora da função cognitiva
  • Suporte ao tratamento medicamentoso
Como agendar uma consulta
Entre em contato pelo WhatsApp (11) 98277-0774 ou email giannichibeatriz@yahoo.com.br para marcar sua consulta e descobrir como pequenas mudanças alimentares podem gerar grandes resultados na sua qualidade de vida.
Experiências de Pacientes
Muitos pacientes relatam melhora significativa após adotarem um plano alimentar anti-inflamatório desenvolvido pela Beatriz. A combinação de sua experiência pessoal com a esclerose múltipla e seu conhecimento técnico como nutricionista permite uma abordagem única e empática, que considera não apenas os aspectos nutricionais, mas também os desafios emocionais e práticos de viver com uma doença autoimune.
Invista na sua saúde e bem-estar! A nutrição adequada é um pilar fundamental no tratamento complementar das doenças autoimunes e pode fazer uma diferença significativa na sua qualidade de vida diária.